Alquimia e solidão: da mente coletiva à individuação

Em tempos passados a alquimia era a “ciência” de tentar transformar metais comuns em ouro. Carl Jung estudou a alquimia em profundidade. Ele viu nela uma representação simbólica do processo de individuação.

O conhecimento desenvolvido pelos alquimistas, representado em seus desenhos e sua escrita refletiam etapas universais do desenvolvimento da personalidade. Do ponto de vista simbólico esta era a busca pelo ouro, não físico, mas psicológico.

O caminho do autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, chamado por Jung de Individuação, tende a ser um caminho solitário. É o voltar-se para dentro, tal qual os alquimistas, frequentemente retratados em pinturas: trabalhando sozinhos, absortos nos textos, diante de frascos, fechados em seus laboratórios.

Extrair o ouro da própria personalidade é um caminho árduo. O ouro não é um metal fácil de ser encontrado. No processo terapêutico essa busca se concentra na tentativa de trazer a consciência conteúdos inconscientes. Os sonhos são uma das ferramentas que podem ser utilizada nesse processo.

Veja que a solidão, o isolamento e a separação são ingredientes presentes nesse processo. Como desenvolver a singularidade se não somos capazes de nos afastar dos outros para “escutar” apenas a nossa presença? É no encontro com o silêncio externo que a vida interna encontra recursos pessoais que poderão redefinir caminhos e guia-lo para seu destino. Assim você pode identificar sua individualidade e não se perder nos modelos ditados pelo coletivo.

Se você não souber ser um, estará misturado com o todo. É neste modelo de existir que surge o vazio interno e a ausência de sentido para a vida. Se você mergulhar nas “verdades” coletivas e lá permanecer, é provável que se perca de quem você é e do que pode desenvolver em si mesmo.

“Deixar” o rebanho não é um movimento fácil. Muitas críticas externas (e internas) podem acontecer. Você não estará mais caminhando na roda que gira sem parar. Haverá solidão. Mas é nesse espaço de perda que se alcança o ganho. Se você suportar esse processo doloroso ao invés de fugir dele você será coroado com sabedoria. Uma sabedoria que se multiplica gradativamente, conforme você permanece no caminho. E o que se ganha com isso? Aquilo que todos buscam: uma vida cheia de sentido, mais leve e mais feliz.

Tudo isso é um processo. Não é uma virada de chave. Quando você inicia esse processo você será auxiliado por sonhos, sincronicidades, experiências enriquecedoras e alguns tropeços. É assim que se vive de verdade.

A vida nos convida a este processo alquímico. A nós cabe escolher o caminho da individuação ou o caminho da vida mergulhada na mente coletiva, que é fortemente pautada no poder, na riqueza, no prestígio, na competição… uma luta.

Bons sonhos para você!

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