O Arquétipo Materno: sonhos com o feminino e a maternidade

Os arquétipos são símbolos carregados de significado universal que residem no inconsciente.

O arquétipo materno ou a Grande Mãe é definido pelas qualidades de proteção amorosa, beleza espiritual e pureza. Ele também tem um lado sombrio, bem representado pela ciumenta e manipuladora madrasta má das lendas e contos de fadas.

Os atributos do arquétipo materno são, conforme Jung: ” o maternal; a sabedoria, a elevação espiritual além da razão; o bondoso, o que cuida, o que sustenta, o que proporciona as condições de crescimento, fertilidade, alimento; o lugar da transformação mágica, do renascimento, o instinto e o impulso favorável; o secreto, o oculto, o obscuro, o abissal, o mundo dos mortos, o devorador, sedutor e venenoso, o apavorante e fatal”.

As representações mais características do arquétipo materno, relacionados por Jung são: a mãe, a avó, a madrasta, a sogra, a ama de leite, mulheres com quem nos relacionamos; no sentido mais elevado temos a mãe de Deus; em um sentido mais amplo, a igreja, a terra, a matéria, o mundo subterrâneo, a lua; em sentido mais restrito, o jardim, a gruta, o poço profundo; restringindo ainda mais, temos o útero, as formas ocas, o forno, o caldeirão e o túmulo, entre outros.

Procure a Grande Mãe em seus sonhos. Ela pode aparecer na forma da mãe real ou qualquer figura feminina. Analise todos os encontros que seu eu onírico (você no sonho) tem com essa figura feminina. Eles podem contar sobre o relacionamento que você tem com sua mãe, ou podem estar retratando a sua relação com o feminino e todas as  possíveis manifestações do feminino na sua vida.

Relato um sonho meu, onde aparecem simbolismos relativos ao Arquétipo Materno:

Sonhei que estava diante de uma caverna. Ao entrar deparei-me com várias galerias. Segui pelo caminho que pensei ser o correto.  Apesar de não haver luz, a caverna era um pouco iluminada. Conforme ia adentrando, a caverna parecia ganhar estrutura. O teto tornou-se alto, as paredes organizadas em amplos corredores. De repente, parecia que eu andava pela nave de uma igreja, mas ainda estava na caverna. Caminhei até chegar a uma ampla galeria. Nela havia um altar. Em cada lado do altar haviam duas esculturas femininas, como se fossem esculturas primitivas de Deusas. Foram esculpidas na parede de pedra da caverna, tinham a altura de um prédio de dez andares mais ou menos, braços estendidos ao longo do corpo e seios a mostra. De repente, as estátuas começaram a ruir e dos seios delas jorrava leite. O chão ficou coberto de leite e logo toda a caverna estava com cerca de 10 cm de leite. Eu toquei no leite e fiz o sinal da cruz, como se faz com água benta na igreja católica. Agradeci, pedi proteção e saí da caverna. 

Tive esse sonho poucos meses antes  de engravidar. Nele aparecem alguns símbolos relacionados ao arquétipo materno: a gruta, as imagens de Deusas primitivas, o leite jorrando dos seios das Deusas, a referência a igreja católica. O sonho anuncia meu contato com o arquétipo e sua ação na minha vida, o que sugere que, a nível inconsciente, a gestação já “se desenvolvia”. É frequente mulheres já grávidas ou prestes a engravidar terem sonhos com  simbolismos do arquétipo materno.

Bons sonhos para você!

Sobre a autora

Giane é psicóloga junguiana com mais de 20 anos de experiência em interpretação dos sonhos. Apaixonada por simbolismo e autoconhecimento.

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