
Como você está se sentindo agora? Alegre? Desanimado? Preocupado? Calmo? Já parou para pensar no que determina o modo como você se sente?
Em linhas gerais, são nossos pensamentos que determinam a forma como nos sentimos.
Claro que não podemos esquecer que nossa psique conta com influências inconscientes que muitas vezes atuam de forma autônoma, trazendo sentimentos e pensamentos que não sabemos de onde vem e que estrangulam nosso bem estar ou otimizam as perspectivas que temos da vida.
O conteúdo dos nossos pensamentos são, em grande parte, controlados pela nossa vontade, salvo quando um ou mais de nossos complexos são ativados. Podemos decidir se vamos pensar em A ou B, também decidimos como e quanto vamos pensar.
Você pode decidir agora pensar em uma das lembranças mais satisfatórias da sua vida (ou uma das lembrança mais tristes), e passar a próxima hora ou dia dedicando muito do seu tempo (seu presente) para pensar nisso.
Se for uma boa lembrança, provavelmente vai trazer boas sensações e colorir o seu dia. Se for uma lembrança triste, é provável que sinta pesar, desânimo, tristeza, raiva… Você também tem a opção de deixar as memórias guardadas, sem despertar a necessidade de visitá-las.
É importante que você perceba que visitar e cultivar lembranças do passado, pode trazer falta de foco no presente, além de despertar sentimentos que podem ser difíceis de administrar.
Uma fórmula eficaz para sentir tristeza, frustração, pesar ou qualquer outro sentimento que nos aflija, é o constante revisitar as lembranças dolorosas do passado. Apesar do adágio popular de que o tempo tudo cura, o apego a ideias, pensamentos ou situações do passado faz com que a dita força curadora do tempo seja substituída pela persistência em manter viva a chama da recordação e consequentemente da dor a ela vinculada. Corpo e mente são capazes que guardar as minúcias de qualquer lembrança. Somos capazes de plantá-la, regá-la e adubá-la para que nunca morra.
Esse esforço dificilmente é dedicado aos presentes que a vida dá. Lembranças felizes parecem ser mais voláteis à capacidade de registro em nossas mentes e corações.
Já as mágoas, perdas, frustrações, arrependimentos, esses sim, são fortalezas de resistência a qualquer distração que a mente tiver. Parece não haver escapatória para o que deu errado.
Hoje acordei e despertei para o presente.
Não sabia que ontem ele também me visitou.
Tu passado, vives em mim como a força da respiração.
Será que preciso morrer para que me deixes?
A verdade é que não sei se saberia viver sem ti.
Passado/Futuro – Depressão/Ansiedade
Na prática da psicoterapia é possível confirmar o quanto uma ideia ou lembrança dolorosa pode nos acompanhar ao longo da nossa existência. A vida da pessoa com depressão, por exemplo, é uma vida cujo presente é cheio de passado, ocupando o espaço que seria destinado ao novo. É um recordar-se constante, é um sofrer constante.
Na outra margem da linha do tempo estão aqueles cujo pensamento volta-se frequentemente para o futuro. Vivem imersos no mundo do “Será que…” ou no mundo do “E se…”. Será que vou me sair bem na entrevista? Será que vou conseguir melhorar? E se tudo der errado? E se eu não for capaz? E se…?
Esse padrão de pensamento favorece a ansiedade. A mente sempre avança no tempo, tentando encontrar o lugar onde não há dúvida ou incerteza. O lugar da segurança, onde todas as ameaças foram banidas. Tenta achar respostas ao que ainda não se é capaz de realizar, pois somente podemos realizar no presente.
Essa tentativa de querer “saber o que vem pela frente” é fonte de ansiedade, preocupação, agitação e medo. A “receita” para deixar de ser uma pessoa ansiosa é simples, mas difícil de realizar: pare de pensar no futuro. Estamos muito acostumados a projetar nossa mente no futuro, planejando, antecipando, na tentativa de encontrar segurança para fazer nossas escolhas.
Preste atenção na forma como você utiliza a sua mente e se essa forma te favorece ou te prejudica. É importante que sua energia vital seja dirigida ao seu bem-estar e a funções que tragam realização. Pensar consome sua energia vital. Então, que este pensar seja em seu benefício e não como uma forma de lhe infringir dor e te desviar do que verdadeiramente existe: o presente.
Teu passado é o depositário da tua história e do teu aprendizado. Não o utilize como um recurso para lhe infringir dor. Não o utilize como uma desculpa para não se comprometer com o presente.
Teu futuro ainda não existe. Ele é uma possibilidade. Faça seus planos, mas volte para o presente para executá-los e corrija a rota ao longo do caminho. Aprenda a lidar com o medo e a insegurança.
Se você percebe que não consegue superar experiências que foram dolorosas, ou o medo do futuro te torna muito ansioso, procure ajuda psicoterapêutica. Invista na superação dos obstáculos que limitam a sua capacidade de viver no presente.
Outro recurso que auxilia muito é a prática da meditação. Invista nesse recurso que pode transformar a sua vida.
Que seu presente seja o lugar onde você verdadeiramente vive.