O processo de individuação é mais um dos conceitos fundamentais da Psicologia Analítica. Esse processo é complexo e aqui pretendo expressar de forma sucinta esse conceito. Deixo claro que o processo é muito mais rico do que este breve “rascunho” que aqui compartilho com vocês.
Desde que tomei contato com a Psicologia Analítica o processo de individuação assegurou-me de que a vida é mais do somos capazes de perceber e que nós somos muito mais do que sequer somos capazes de imaginar.

Uma metáfora que nos faz melhor compreender esse processo é a ideia da semente que pode/ou não tornar-se árvore. Todos nós somos como a semente, temos em nós o potencial para nos tornar algo maior. Dependendo do solo, da água, do sol, dos cuidados, podemos nos tornar árvore.
“Individuação significa tornar-se um ser único, homogêneo, na medida em que por ‘individualidade’ entendemos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável, significando também que nos tornamos o nosso próprio si mesmo. Podemos, pois, traduzir ‘individuação’ como ‘tornar-se si mesmo’” (Jung, 1928, p.49).
O processo de individuação é um processo de tornar-se único, singular. Envolve a diferenciação e o alcance da totalidade. A possibilidade de expressar no mundo a essência da individualidade que há em cada um de nós. Esse processo leva ao desenvolvimento da individualidade que nada mais é do que um processo gradual de diferenciação da psique coletiva.
Vivemos em uma sociedade massificada, onde nossa essência se perde diante dos padrões pré-estabelecidos. Não podemos rejeitar todas as normas, mas podemos permitir que nossa essência se expresse no mundo. Não precisamos todos ter os mesmos sonhos, as mesmas metas, as mesmas definições do que é sucesso ou felicidade.
Em seu livro Memórias, Sonhos e Reflexões Jung fala do seu processo de individuação:
“Minha vida é a história de um inconsciente que se realizou. Tudo o que nele repousa aspira a tornar-se acontecimento, e a personalidade, por seu lado, quer evoluir a partir de suas condições inconscientes e experimentar-se como totalidade”.
Cuidado para não confundir individuação e o caminho da individualidade com individualismo. Jung disse que o individualismo é “acrobacia da vontade”.
Quando nossas vontades entram em cena, provavelmente nossos desejos conscientes é que estão no controle. Quando no processo de individuação, são as vontades inconscientes que nos movem, aquilo que não sabemos de nós mesmos, mas que existe potencialmente em nós, tal qual a semente que pode tornar-se uma grande e bela árvore que produz frutos doces capazes de alimentar muitos seres e gerar muitas outras sementes…
Siga, sem desistir, ao caminho da individuação.