Escolhas. Fazemos escolhas a todo momento. Desde as mais simples, como o que vestir e o que comer, até as mais complexas, como a escolha profissional, casamento e filhos. Este é o campo onde a força de vontade pode desenhar o caminho a ser percorrido.
A escolha é bem feita quando ela vem acompanhada de sabedoria. Mas a sabedoria tem suas exigências. Nem todos tem a habilidade de cultiva-la sempre. Nem todos a trazem guardada na mente e no coração. Então como fazer escolhas sem a parceria constante da sabedoria?
Algumas coisas importantes devem ser consideradas ao se fazer escolhas:
1. Valores
Tenha em mente quais são seus valores, o que você acredita e valoriza na sua vida. Aqui adentramos na via do autoconhecimento. Isso implica em saber o que é importante para você e o que, definitivamente, pouco importa. Mas veja bem, o que é importante para você e não o que a cultura, a mídia, a moda ou seu grupo social diz que é importante. Cuidado para não repetir a história daquele que encostou a escada na parede, levou grande parte da vida subindo degrau por degrau e quando chegou lá no topo, descobriu que tinha encostado a escada na parede errada. Seus valores devem respeitar a sua subjetividade. Pense em tudo aquilo que não pode faltar na sua vida – aqui não me refiro a coisas materiais, mas a atitudes, sentimentos, pensamentos, comportamentos e experiências. Quando você reconhece, por exemplo, que detesta mentiras, você define a verdade como sendo um valor importante para você. Assim, suas escolhas vão sempre privilegiar o caminho que te mantem em contato com o que é verdadeiro. Tudo aquilo que te afasta da verdade define o que você não quer para sua vida.
2. Direção
Saiba aonde você quer chegar. Você precisa ter clareza de seus objetivos e a partir desse conhecimento utiliza-lo para fazer a tomada de decisão. Suas decisões devem leva-lo em direção aos seus objetivos. Se você quer viver uma relação amorosa digna e baseada na verdade, por exemplo, suas escolhas precisam ir ao encontro desse objetivo. Envolver-se em uma relação indigna, conflituosa ou onde existam mentiras, vai afasta-lo do seu propósito. Suas escolhas são o passo a passo para você conquistar seus objetivos, sejam eles profissionais, amorosos, financeiros, espirituais, etc.
3. Responsabilidade
Assuma a responsabilidade por suas escolhas e administre as consequências. Tenha em mente que você escolheu algo com base nas referências que tinha no momento da escolha. Os desdobramentos nem sempre podem ser analisados com a clareza que só o passar do tempo oferece. Olhar para traz depois de decorrido um tempo e criticar-se pelas escolhas feitas pode ser uma forma de torturar-se. No momento da escolha não sabemos exatamente quais serão os percalços do caminho, assim como não sabemos o que teria acontecido caso tivéssemos escolhido outro caminho. Procure ficar em paz com suas escolhas.
4. Ganhos e perdas
Um dos principais motivos que fazem as pessoas adiarem a tomada de decisão (o que também é uma escolha) é a busca por um caminho que envolva apenas ganho. Há uma grande resistência em perceber que toda escolha envolve ganho e perda e não ganho ou perda. Na tentativa de só ganhar ou de não ter que lidar com as perdas, muitas pessoas adiam sua tomada de decisão e vivem muito tempo ligadas a situações ou pessoas que não fazem mais sentido na sua vida. Analise quais serão os ganhos e quais serão as perdas ligadas a sua escolha. Administre os ganhos e as perdas. Nem tudo são flores. Não tente se iludir achando que pode encontrar um caminho onde não existam perdas. Por mais simples que seja a escolha, você sempre abre mão de uma série de possibilidades para viver outras. A perda é inerente ao ganho.
Certa vez analisei um sonho que foi muito esclarecedor no que diz respeito as escolhas que precisamos fazer na vida. O inconsciente às vezes nos traz algumas lições de vida através dos sonhos. Na época do sonho, o sonhador estava em uma fase de sua vida onde precisava tomar uma série de decisões. Sua vida estava em plena transformação. Este foi o sonho:
Ele sonhou que estava em um grande salão onde haviam muitas portas. Ele precisava escolher uma delas. Não fazia ideia do que existia atrás das portas, mas sabia que precisava escolher. Abriu uma das portas e entrou. Chegou em um novo recinto onde havia, novamente, uma série de portas. Novamente precisava escolher qual porta passar. Escolheu novamente uma porta e esta o levou a outro recinto com mais portas. Esse processo repetiu-se mais uma vez, até que ele compreendeu, no próprio sonho, que as escolhas que tinha que fazer na vida o levariam a novas escolhas, e assim sucessivamente.
A ideia de que as escolhas se sucedem e de que sempre teremos oportunidade de fazer novas escolhas remete a um processo inerente à própria vida. Como a impermanência é uma lei natural, não há como manter um mesmo padrão ao longo do tempo. As escolhas são inevitáveis.
Uma escolha não termina com a tomada de decisão. Ela abre um campo de novas possibilidades. É preciso que você olhe com otimismo para esse campo de possibilidades, pois ele está fora da sua zona de conforto. De um passo adiante e siga. Supere seus medos. Faça o seu melhor!
