
Tem sonhos que simplesmente somem da nossa mente quando acordamos. Outros, por outro lado, parecem se agarrar a nós, voltando à lembrança ao longo do dia. Você já teve um sonho assim? Aqueles que, mesmo depois de horas, ainda ecoam dentro de você?
Essa noite, tive um desses. E, para ser sincera, não gostei nada dele. Foi quase um pesadelo. Fazia tempo que não sonhava algo que pudesse classificar dessa forma.
No sonho, eu estava na cidade onde trabalho. Caminhava pelas ruas quando começou a chover muito. Até aí, tudo bem. Mas, de repente, percebi que a água subia rápido demais. As ruas começaram a alagar, e decidi procurar um lugar mais alto para me proteger. Um rapaz, que também tentava escapar da enchente, me acompanhou.
Subimos um morro e, lá de cima, avistei a cidade onde moro. Ela também estava completamente alagada. Na mesma hora, pensei na minha filha, que estava em casa. Peguei o celular e tentei ligar para ela, mas a ligação não completava. A chuva ficava cada vez mais forte.
Continuamos subindo, mas a ladeira que antes nos servia de refúgio virou uma cachoeira. A água descia com força. Conseguimos entrar em uma casa para tentar nos proteger. No início, parecia um bom abrigo, mas, de repente, o chão começou a ceder. A casa inteira foi arrastada morro abaixo. Foi uma sensação terrível.
“Vamos morrer”, eu disse. E então, acordei.
Já se passaram horas, mas esse sonho ainda está em mim. Sonhos que reverberam assim costumam ser significativos. Trabalhei um pouco nele, tentando interpretá-lo. Sei que sonhos falam do sonhador (quase sempre). Cabe a mim analisar os símbolos e relacioná-los ao meu momento atual.
Uma parte minha sente que encontrou sentido para esse sonho. Mas outra parte questiona: será que foi um sonho premonitório? Não que eu pense que toda a vivência do sonho vá acontecer, literalmente, comigo. Mas a parte da enchente, do desmoronamento da casa… eu moro no sul do Brasil e, nos últimos tempos, situações como esta tem sido recorrentes aqui.
Sonhos premonitórios existem. Já tive alguns e já ouvi relatos impressionantes de outras pessoas que também tiveram. Mas o “problema” do sonho premonitório é que só podemos confirmar essa característica depois que o evento do sonho acontece na vida desperta. Se nada acontece, ele continua sendo apenas uma possibilidade.
É por isso que ter um diário de sonhos é tão importante. Se você não anotar seus sonhos, pode esquecê-los ou perder detalhes que fariam toda a diferença na hora de perceber padrões e conexões. O sonho que tive é um daqueles que marcam. Talvez eu nem precisasse anotá-lo, mas o registro me ajuda a ter um ponto de referência no futuro.
E vale lembrar: nem todo sonho premonitório fala de tragédias. Muitos sonhos premonitórios envolvem situações cotidianas — notícias, encontros, presentes, adoecimento, gravidez, segredos. Quando anotamos os sonhos, fica mais fácil perceber essas ligações com a vida real.
Mas é essencial não cair na armadilha de ver premonição em tudo. A verdade é que a maioria dos sonhos não tem essa função. Algumas pessoas podem passar a vida inteira sem ter um sonho premonitório sequer. Outras têm um ou dois. Há, sim, quem tenha muitos, mas essa é uma característica da pessoa. Cada um sabe de si.
A principal função dos sonhos não é prever o futuro. É a compensação — um movimento natural da psique para equilibrar aquilo que, na vida desperta, está em descompasso.
Então, será que meu sonho foi premonitório? Só o tempo dirá. Mas, enquanto isso, sigo fazendo o que sempre faço: ouvindo meus sonhos e buscando neles as mensagens que podem me ajudar no presente.
Bons sonhos para você!