Uma vida mais lenta, mais sonhos para lembrar

De vez em quando eu ouço pessoas dizendo que não sonham. E eu sempre explico que todo mundo sonha, a questão é que nem todos conseguem lembrar de seus sonhos. Os motivos para isso podem ser vários, eu não seria capaz de enumerá-los. O que sei é que tem gente que não lembra dos sonhos por dois motivos principais:

  1. Não valoriza os sonhos. São bobagens, então, para que lembrar deles?!
  2. Não dormem o suficiente, o que impede que passem pelas fases do sono necessárias ao bem-estar físico e mental.

Como eu sei que estes dois motivos são relevantes? Pela minha observação e experiência. Já acompanhei muitas pessoas que diziam não sonhar e que passaram a lembrar dos sonhos assim que começaram a dormir o suficiente ou a valorizar os sonhos (ou as duas coisas).

A questão da valorização do sonho está muito atrelada a história de vida da pessoa. Se você nasceu em uma família que valoriza os sonhos ou se você já teve uma experiência significativa com sonhos é provável que não banalize o significado deles.

Já a questão de não dormir o suficiente pode ser um problema um pouco maior. Isso porque este problema (sim, vou chamar de problema porque dormir pouco é um problema) está atrelado ao estilo de vida e aos hábitos. Nem sempre é simples mudar. A tentação de ficar até tarde assistindo mais um episódio da série que está tão legal, ou de ficar rolando mais um pouquinho o feed de uma rede social são tentadores.

Dormir pouco não vai afetar apenas a sua capacidade de se recordar dos seus sonhos. A questão é que dormir pouco pode prejudicar a sua saúde.

Estou lendo o que escrevi e parece que estou dando bronca, né? A profissional da saúde mental está falando mais alto em mim agora. Essa questão do sono é muito séria e precisa ser levada a sério.

O sono insuficiente, na verdade, é a ponta do iceberg. São muitos os hábitos que estão minando a vitalidade das pessoas. O que vemos é uma vida vivida no automático. E certamente, a maioria das pessoas está, na verdade, tentando viver da melhor forma possível.

Alguns estudos têm mostrado que uma vida mais lenta gera inúmeros benefícios. Entre eles estão saúde e satisfação com a vida. Uma vida mais lenta significa uma vida sem tanta correria, sem sobrecarga de trabalho ou de compromissos. Uma vida onde o descanso não é um atributo exclusivo das férias.

Eu tenho buscado viver uma vida mais lenta já faz alguns anos. No início foi difícil. São muitos os ajustes a serem feitos, hábitos a serem mudados e um novo estilo de vida incorporado. Não dá para fazer isso de uma hora para outra. Às vezes, assumimos compromissos financeiros, sociais e de trabalho que nos drenam e nos deixam correr sem parar na roda dos ratos. Leva tempo para mudar isso. Mas é possível.

O que se ganha é mais tempo para fazer o que se gosta. Tempo para conversas com quem nos faz bem, tempo para o autocuidado, tempo para a contemplação das belezas da natureza, tempo com os filhos, tempo para estudar, ler, ouvir música, sonhar e anotar os sonhos, refletir sobre nossas experiências … a lista é grande e cada um tem a sua.

Eu segui algumas dicas para desacelerar a minha vida. Se fizer sentido para você, escolha uma ou outra dica e siga em frente:

  1. Rolar menos a tela e ler mais livros.
  2. Fazer caminhadas na natureza. Também vale pedalar ou passear com o cachorro.
  3. Aprender a dizer não.
  4. Ter um hobby que te desacelere.
  5. Fazer meditação.
  6. Fazer atividade física.
  7. Praticar o autocuidado.
  8. Fazer uma tarefa de cada vez.
  9. Consumir menos (comprar menos coisas).
  10. Evitar lamentar, julgar, criticar.

Certamente há mais para ser feito, mas estas dez dicas, quando postas em prática e incorporadas a vida, ajudam muito a viver melhor. E garanto que você vai sonhar mais, ou melhor, vai conseguir lembrar dos seus sonhos.

Desejo uma vida incrível para você!

Sobre a autora

Giane é psicóloga junguiana com mais de 20 anos de experiência em interpretação dos sonhos. Apaixonada por simbolismo e autoconhecimento.

Rolar para cima