
De vez em quando eu ouço pessoas dizendo que não sonham. E eu sempre explico que todo mundo sonha, a questão é que nem todos conseguem lembrar de seus sonhos. Os motivos para isso podem ser vários, eu não seria capaz de enumerá-los. O que sei é que tem gente que não lembra dos sonhos por dois motivos principais:
- Não valoriza os sonhos. São bobagens, então, para que lembrar deles?!
- Não dormem o suficiente, o que impede que passem pelas fases do sono necessárias ao bem-estar físico e mental.
Como eu sei que estes dois motivos são relevantes? Pela minha observação e experiência. Já acompanhei muitas pessoas que diziam não sonhar e que passaram a lembrar dos sonhos assim que começaram a dormir o suficiente ou a valorizar os sonhos (ou as duas coisas).
A questão da valorização do sonho está muito atrelada a história de vida da pessoa. Se você nasceu em uma família que valoriza os sonhos ou se você já teve uma experiência significativa com sonhos é provável que não banalize o significado deles.
Já a questão de não dormir o suficiente pode ser um problema um pouco maior. Isso porque este problema (sim, vou chamar de problema porque dormir pouco é um problema) está atrelado ao estilo de vida e aos hábitos. Nem sempre é simples mudar. A tentação de ficar até tarde assistindo mais um episódio da série que está tão legal, ou de ficar rolando mais um pouquinho o feed de uma rede social são tentadores.
Dormir pouco não vai afetar apenas a sua capacidade de se recordar dos seus sonhos. A questão é que dormir pouco pode prejudicar a sua saúde.
Estou lendo o que escrevi e parece que estou dando bronca, né? A profissional da saúde mental está falando mais alto em mim agora. Essa questão do sono é muito séria e precisa ser levada a sério.
O sono insuficiente, na verdade, é a ponta do iceberg. São muitos os hábitos que estão minando a vitalidade das pessoas. O que vemos é uma vida vivida no automático. E certamente, a maioria das pessoas está, na verdade, tentando viver da melhor forma possível.
Alguns estudos têm mostrado que uma vida mais lenta gera inúmeros benefícios. Entre eles estão saúde e satisfação com a vida. Uma vida mais lenta significa uma vida sem tanta correria, sem sobrecarga de trabalho ou de compromissos. Uma vida onde o descanso não é um atributo exclusivo das férias.
Eu tenho buscado viver uma vida mais lenta já faz alguns anos. No início foi difícil. São muitos os ajustes a serem feitos, hábitos a serem mudados e um novo estilo de vida incorporado. Não dá para fazer isso de uma hora para outra. Às vezes, assumimos compromissos financeiros, sociais e de trabalho que nos drenam e nos deixam correr sem parar na roda dos ratos. Leva tempo para mudar isso. Mas é possível.
O que se ganha é mais tempo para fazer o que se gosta. Tempo para conversas com quem nos faz bem, tempo para o autocuidado, tempo para a contemplação das belezas da natureza, tempo com os filhos, tempo para estudar, ler, ouvir música, sonhar e anotar os sonhos, refletir sobre nossas experiências … a lista é grande e cada um tem a sua.
Eu segui algumas dicas para desacelerar a minha vida. Se fizer sentido para você, escolha uma ou outra dica e siga em frente:
- Rolar menos a tela e ler mais livros.
- Fazer caminhadas na natureza. Também vale pedalar ou passear com o cachorro.
- Aprender a dizer não.
- Ter um hobby que te desacelere.
- Fazer meditação.
- Fazer atividade física.
- Praticar o autocuidado.
- Fazer uma tarefa de cada vez.
- Consumir menos (comprar menos coisas).
- Evitar lamentar, julgar, criticar.
Certamente há mais para ser feito, mas estas dez dicas, quando postas em prática e incorporadas a vida, ajudam muito a viver melhor. E garanto que você vai sonhar mais, ou melhor, vai conseguir lembrar dos seus sonhos.
Desejo uma vida incrível para você!
Sobre a autora
Giane é psicóloga junguiana com mais de 20 anos de experiência em interpretação dos sonhos. Apaixonada por simbolismo e autoconhecimento.