
Sonhar é algo que faz parte da experiência humana. Os sonhos são objeto de investigação há muito tempo em diferentes culturas.
Na Psicologia Analítica, desenvolvida por Carl Gustav Jung, os sonhos cumprem função importante para o desenvolvimento psíquico do sonhador. Segundo Jung, os sonhos são uma via de acesso ao inconsciente e têm função significativa para o equilíbrio e desenvolvimento psíquico, devido sua função auto-reguladora. Isso quer dizer que, assim como o corpo procura o equilíbrio das suas funções através da homeostase, a psique também tem seus recursos para a busca do equilíbrio, e os sonhos têm essa função.
A interpretação dos sonhos é uma das ferramentas que utilizo em minha prática clínica há mais de 20 anos. Através da interpretação dos sonhos podemos acessar conteúdos pessoais que de outra forma não se tem acesso, pois os sonhos são uma via de comunicação entre o inconsciente e a consciência. Os sonhos têm origem no inconsciente e a consciência de nada participa na sua elaboração.
Apesar do sonho ser algo disponível a qualquer pessoa afinal, faz parte do psiquismo, a atenção que se dá aos sonhos depende do interesse do sonhador. Assim como muitas pessoas não se interessam por esportes, viagens ou livros, por exemplo, também muitas pessoas não se interessam pelos sonhos e seus significados. Este recurso de comunicação entre consciente e inconsciente acaba sendo ignorado por muitas pessoas.
Esse desinteresse em grande parte está relacionado a alguns fatores. O principal deles refere-se a falta de valorização dos sonhos. Muitas vezes por desconhecimento ou por abordagens inadequadas da interpretação dos sonhos as pessoas tomam os sonhos como meras reminiscências do dia. É muito frequente a ideia de que os sonhos são apenas um reflexo da atividade consciente diária. Como se os sonhos fossem flashes do dia. De fato isso pode acontecer, mas nem todos os sonhos tem essa característica.
Jung distinguiu os sonhos em sonhos significativos e sonhos insignificantes. Sonhos insignificantes são sonhos sem importância, onde as imagens do sonho lidam apenas com questões do cotidiano, ou seja, as reminiscências do dia a dia. Normalmente são sonhos que sequer nos recordamos em detalhe e que não causam nenhuma emoção ou questionamento. Somos capazes de identifica-los como uma repetição de aspectos ligados as vivências do cotidiano.
Já os sonhos significativos trazem conteúdos importantes para o desenvolvimento psíquico do sonhador. Quando compreendidos e corretamente interpretados eles funcionam como bússolas a guiar nosso caminho durante o percurso da vida. Estes sonhos são aqueles que despertam nosso interesse, nos fazem pensar e ativam em nós algum tipo de emoção.
Quando você interpreta seus sonhos, como ocorre em um processo psicoterapêutico por exemplo, você percebe que dar atenção aos sonhos é um fator que influencia tanto a capacidade de recorda-los quando a riqueza de conteúdos que o sonho apresenta. Isso significa que quanto mais atenção você der aos seus sonhos mais sonhos significativos terá.
Pessoas que já vivenciaram experiências marcantes e significativas com seus sonhos sabem que eles não são sem importância. Os sonhos tem ligação direta com o sonhador e o que ele vivencia e podem orientar, inspirar, dar bronca, ensinar, esclarecer, etc.
Ao vivenciar essa sincronicidade entre o sonho e a sua vida o sonhador percebe que o sonho é algo mais que fragmentos do dia, é um acesso diferenciado, com informações diferenciadas, dessa forma deixa de banalizar a experiência de sonhar. Reflita sobre isso.
Ótimos sonhos para você!
Sobre a autora
Giane é psicóloga junguiana com mais de 20 anos de experiência em interpretação dos sonhos. Apaixonada por simbolismo e autoconhecimento.